quarta-feira, novembro 10

Para você

Fui cruel sem perceber
Confessei minhas paixões
Que me moviam a ilusões
Assim te fiz entristecer

Tinha vontade de te abraçar
E prazer em estar contigo
Com mãos dadas a caminhar
Mas eras apenas meu amigo

O que podia lhe dizer
Se eu sentia por você
Algo que eu não compreendia?

Fui percebendo no dia-a-dia
Que algo novo eu sentia
Só faltava você saber.

Oco

Aguarda sem resposta
Na esperança longínqua
De correspondência
Do que não existe

Uma voz distante
Espera na linha:
- Há alguém aí?
O retorno é o silêncio

Ilusão e perda de tempo
Medo repentino e...
Certeiro


Impulsão desmedida
Frivolidade assaz e
Desejo dissimulado

A mentira é vista
Não nos olhos, mas
Na atitude sagaz

1, 2, 3... respira!
E assim passam-se os segundos,
Vão-se as horas e, por fim, os dias,
Nada novo, nada de novo
Além de tudo,
Áspera e rude solidão.

segunda-feira, novembro 8

Cheiro de aconchego

Tu tens cheiro de aconchego
Com esse teu abraço apertado
Gosto de tocar, quando chego
Nesse teu cabelo encaracolado

Teu olhar tão compenetrado
A decorar as minhas curvas
Do meu rosto, cada um lado
Às tuas lembranças turvas

Gostei de te abraçar forte
E me grudar no teu cangote
Sentindo a tua respiração

De ouvir palpitar o coração
Em cada minha aproximação
E me entregar a toda sorte

domingo, novembro 7

Um coração

Eu sou um coração partido que não quer mais tentar. Eu tenho um coração jogado na sarjeta e que é sujo, não só porque sentiu a ilusão de amar. Mas não quer sofrer, não quer acreditar, nem se entregar. Esse coração muitas vezes chora com a solidão, mas não quer se desfazer do dom de ver o que é real. Ele se vê num domingo a noite sem vontade de viver. Não há esperança, não há futuro. Tudo o que há é isto que resta. E tem sido assim a anos. Não há dedicação, não há construção. Tudo passa apenas como um dia após o outro. Ele não procura achar culpados para essa realidade. Pois sabe bem quem tem a culpa. Foi ele mesmo quem se recusou a pensar. Não quis ser prático, deixou a emoção falar mais alto. Agora chora calado e não quer saber de novidade. Essa dor que sente já lhe basta. É triste pensar que vai ser sempre assim. Mas nada nessa vida é tão certo. Um dia, quem sabe, esse coração se desamarra. E abre os olhos outra vez, dá um novo mergulho rasante para perceber, tarde de mais, que nessa fonte não há mais água e que o amor secou.

quinta-feira, novembro 4

A tua ausência

A tua ausência
Diminui as passadas dos ponteiros do meu relógio.
A tua ausência
Acelera as batidas do meu coração impaciente.
A tua ausência
Aumenta a minha ansiedade em te ver.
A tua ausência
Me dá fome, seca a minha boca, me empalidece.
Estremece meus olhos, encurta o meu sono, me acorda de madrugada
Depois de um sonho em preto e branco.

Já não me encontro aqui,
Estou me perdendo, sumindo de mim.
Não há mais minha presença
Trancam-se as portas e as janelas
Tudo o que há é escuro.
Murcham as flores, caem às folhas, se esconde o sol.
É dia nublado e o frio se encontra na tua ausência.

A tua ausência
Faz tudo crescer lentamente
Meus cabelos, minhas unhas
A tua ausência
Transforma meu humor em chocolate amargo
Me faz contar estórias absurdas
Me faz confidenciar fatos inapropriados
Me faz perder mais um pouco da razão que me sobra

A tua ausência
Me faz acordar cantando e dormir sorrindo
Quando sei que no dia seguinte verei teu olhar.
Me torna personagem de mim mesma
Escrevendo dia pós dia esse drama
De presenciar inevitavelmente a tua ausência.


** Parafraseando "A tua presença morena" de Caetano Veloso.
http://www.youtube.com/watch?v=QQq7SRnEwOw

quarta-feira, novembro 3

De coração

Enquanto ele a abraçava, sussurrando poemas e declarações de seus desejos, ela não esboçava reação alguma. Concentrava-se em quem estava ao seu lado direito. Ela mal prestava atenção no que falava o rapaz. A sua maior preocupação era simular uma expressão de desinteresse. Mas não ousaria em falar isso ao seu amigo, que por não ter sido interrompido, achou que ela lhe dava chance. Mas não, ela não queria que o outro, seu maior amor platônico, os visse juntos. A moça não fazia menor idéia se seria correspondida, mas a esperança da dúvida a fazia agir com uma frieza quase esquizofrênica, ao que não se tratava daquele outro moço.
Porém, depois daquela noite, as coisas começaram a mudar. Ela foi percebendo que sentia um carinho especial por seu amigo. Gostava de estar na presença dele, adorava fantasiar ser sua musa inspiradora. E tudo não passava de vaidade, de narcisismo. A moça queria ter seu ego inflado. E o rapaz sabia bem disso, então não a poupava de elogios. Fazia questão de exaltar as qualidades da moça para os seus amigos. E ela, por mais que gostasse do elogio, nunca chegou a acreditar nele. Mas mantinha um sentimento indeciso.
Algo a impedia de amá-lo. Talvez fosse a convenção que ela criara sobre tipos físicos. O tipo dele não a atraía, mas ela estava prestes a confessar que um sentimento estava nascendo. Outro obstáculo tolo era o fator da idade, por ser mais velha que ele três anos. Ela tinha um certo preconceito contra rapazes mais jovens. Apesar disso, esse conceito estava sendo quebrado pela observação da personalidade do rapaz. Parecia ser muito mais maduro do que sua real idade. Algo que ela se recordava era da sua surpresa ao saber ter ele vinte anos. Ela imaginava que ele diria "vinte e cinco" com sua voz bonita e encorpada, uma voz grossa. Ela também pensou isso por causa do rosto dele, já barbado. Por seu jeito de quem não era mais um menino, um jeito de quem carregava nas costas uma vasta experiência da vida. Além disso, o rapaz era um poeta de muito talento.
Essa admiração não queria mais se calar. Mas depois de tantas recusas, a moça já não sabia como falar. Então encontrou uma maneira, a qual tinha certeza dele se agradar. Ela se abriria em forma de prosa, já que este sempre foi o seu jeito predileto de se confessar. E assim se completa a mais pura verdade, que somente por uma tola vaidade não foi expressa antes de coração. Agora já não há mais porque camuflar a emoção que sente ao encontrar com aquele rapaz.

terça-feira, novembro 2

Minha luz

Um dia, quando tudo era vazio, eu vi uma estrela cruzar o céu. Fiz um pedido, queria mais amor na minha vida. A estrela atendeu o meu pedido e uma sementinha começou a germinar no meu ventre. Era uma menina feita de luz que viria para me fazer companhia e alegrar os meus dias. Logo mais, fiquei sabendo, o seu nome era Sofia. Desde então, voltei meu olhar para essa criança e nunca mais chorei na solidão. Pois ela veio e trouxe esperança para o meu coração.

Amo você, minha filha!

Meu mapa astral

Natal

Sol em Touro (Este é o seu Signo de nascimento)
Ela é uma pessoa firme e orgulhosa. Tem um espírito muito realista. Possui encanto, é tolerante, estóica, extremamente persistente. Gosta dos prazeres da vida, gosta das boas coisas. Aprecia as artes.
Pontos fracos: Teimosia, indolência. Dedica-se demasiado às coisas materiais, é exclusivista, gulosa e orgulhosa.

Sol na 3ªcasa
Ela teve uma boa educação e uma sólida instrução. Êxito social. Tendência para se afirmar entre os próximos, tendo uma forte influência sobre eles, deseja a notoriedade. Importância da parentela no desenvolvimento da personalidade.
Necessidade de comunicação. Talento para escrever.

445 CON Sol - Mercúrio
Aspecto positivo: Ela é inteligente e sabe o que quer. É uma boma organizadora. Gosta do movimento, das viagens. Aprecia a literatura.

-156 OPO Sol - Plutão
Aspecto negativo: Aborrecimentos e reveses da fortuna. É uma pessoa presunçosa.

Lua em Caranguejo
Ela é simpática, compreensiva e sociável. Muito sensível ao ambiente e a tudo o que tem à volta. Gosta da sua casa, dos seus hábitos, do seu conforto e da sua família. Tem tendência para ter uma família numerosa.
Tem imaginação, memória, lirismo. Tendência para o passado, grande ligação com a mãe ou tendência para a vida nómada.
Pontos fracos: Suporta os que lhe estão próximos, ociosidade, inércia. É impressionável e muito sensível. Problemas familiares.

Lua na 5ªcasa
Ela gosta dos prazeres e de todas as distracções. Sociabilidade: ligações amorosas fáceis e numerosas. Talento para actividades com crianças, gosta delas e terá vários filhos. É uma autodidacta.

Mercúrio em Touro
É fiel às suas ideias, inalterável, teimosa, persistente, mas muito discreta. Falta-lhe flexibilidade, mas em contrapartida tem profundidade nas ideias. Ideias concretas e sólidas.
Gosta de todos os prazeres que a vida lhe pode dar. Por vezes, é bastante ingénua.
Pontos fracos: Teimosa, obstinada, espírito limitado. Inteligência lenta a reagir.

Mercúrio na 2ªcasa
A sua inteligência está concentrada sobre a maneira de obter dinheiro, de fazer fortuna. Todos os meios são bons, por vezes, está quase nos limites da desonestidade. Tem tendência para fraudes. Sentido das transacções e operações comerciais.
Perigo de dispersão e instabilidade financeira.

81 TRI Mercúrio - Neptuno
Aspecto positivo: Ela tem tendência para escrever tudo o que a sua imaginação e a sua intuição lhe ditam.

-242 OPO Mercúrio - Plutão
Aspecto negativo: É impaciente. Tem espírito de contradição. Irrita-se facilmente e os debates com ela são sempre barulhentos e animados.

143 SXT Mercúrio - Ascendente
Aspecto positivo: Ela é inteligente, perspicaz e de reflexão rápida. Preocupa-se com as pessoas que lhe estão próximas. Gosta de trocar ideias com os seus amigos, mas também com desconhecidos.
Tem um espírito muito aberto o que a torna muito receptiva aos outros.

Vénus em Carneiro
Predisposição para o amor à primeira vista. Facilmente inflamável: gosto pela conquista amorosa. Paixões breves, entusiasmo amoroso.
Impulsividade na amizade e por causas que podem não ser justificadas ou que se revelarão não ser aquilo que ao princípio pareciam ser. Embriaguez no amor, chama de fogo: gasta sem contar.
Pontos fracos: Infidelidade, amor à primeira vista, apaixona-se rapidamente e inconsequentemente.

Vénus na 2ªcasa
Há uma ligação afectiva entre a sua vida e o dinheiro. Será ajudada pelos seus amigos ou por uma pessoa com quem tem ligações sentimentais. Tem tendência para se aproveitar das suas relações para subir na vida profissional.
As suas actividades têm a ver com a beleza, a estética, os adornos. Cuidado com as grandes despesas.

303 CON Vénus - Júpiter
Aspecto positivo: Ela é uma pessoa cordial, generosa e tem um bom carácter. Gosta do bem estar, do conforto, da vida sem problemas. Tem relações harmoniosas com as pessoas que lhe estão próximas.
É de contacto fácil. Mas também se apaixona facilmente. Será feliz no casamento e na vida profissional.

Marte em Gémeos
Ela fala muito, tem sempre a réplica pronta, gosta de discursar, de contestar, da polémica e da crítica (advocacia). Energia móvel e adaptável. Capaz de fazer frente simultaneamente em vários lados.
Pontos fracos: É tagarela, joga conversa fora. Há o perigo de dispersão das forças dessa maneira. As suas palavras são severas e agressivas.

Marte na 4ªcasa
As suas decisões são rápidas. Tomará muitas iniciativas e desejará elevar-se na escala social. Terá êxito através de um trabalho afincado. Problemas no seio da sua família em parte por causa da sua agressividade.

42 SXT Marte - Júpiter
Aspecto positivo: Ela tem um grande sentido da organização. É uma pessoa alegre, franca, sincera, cheia de dinamismo e que terá uma actividade excessiva. Gosta da vida e vive-a intensamente. Gosta do desporto e do campo.
A sua vida profissional e sentimental será um grande sucesso. Geralmente, tem vários filhos.

-170 OPO Marte - Saturno
Aspecto negativo: Ela apenas se interessa por uma actividade se esta apresentar dificuldades. Quando as vencer, recomeçará outra actividade que também tenha dificuldades. Gosta de ultrapassar obstáculos. É uma pessoa dura, pouco sentimental.
Nos seus negócios nunca tem lugar para os sentimentos. É uma pessoa egoísta, violenta e teimosa. Nem sempre faz amigos.

Júpiter em Carneiro
Ela é uma pessoa aberta, leal, franca e honesta. Tem bastante ambição, tem bom carácter e gosta muito de se divertir.
Pontos fracos: Ela está muitas vezes de mau humor. Irritação, desacordo, arrebatamento.

Júpiter na 2ªcasa
Boa situação financeira, facilidades de crédito, aumento do património. Ganha bem, sem grande esforço. Gozará os seus bens.

Saturno em Sagitário
Ela tem a sua maneira muito própria de analisar qualquer assunto. Tem as suas próprias ideias sobre as coisas. Respeita a sociedade e deixa-se guiar pelas regras sociais.
Pontos fracos: Austeridade, inclemência, rigor, insensibilidade, e por vezes falta de humanidade. Espírito limitado e tacanho.

Saturno na 10ªcasa
A sua educação é rígida e severa. A sua vida profissional passa por cima de tudo. É uma pessoa séria, metódica, perseverante. Progressão profissional lenta e segura. Posto de responsabilidade. Perigo de queda, em caso de ascensão rápida.

111 CON Saturno - Urano
Aspecto positivo: Ela sabe portar-se à altura de qualquer situação. É uma pessoa perseverante, decidida, bastante engenhosa e original. Tem um grande sentido prático de tudo. Os seus progressos serão lentos, mas seguros. Atingirá os seus objectivos.

Urano em Sagitário
Ela é tímida e delicada, mas também é orgulhosa, corajosa e viva.

Urano na 10ªcasa
Ela deve procurar ter uma profissão independente, sem rotina alguma, que satisfaça a sua necessidade de movimento, de viajar e que, sobretudo, lhe traga alguns riscos. É uma pessoa excêntrica. Viragens grandes e espectaculares do destino.

Neptuno em Capricórnio
Ela tem discernimento. É prudente e calma.

Neptuno na 10ªcasa
Ela tem grandes ambições que a obcecam. Porá sempre em causa o trabalho efectuado, tem medo da imperfeição. Carreira invulgar, dependente de movimentações colectivas. Perigo de escândalo.

79 SXT Neptuno - Plutão
Aspecto positivo: Gosto pelo extraordinário e pelo esquisito.

Plutão em Escorpião
Grande actividade sexual.

Ascendente em Peixes
Ela procurará o amor, não será um qualquer, será um amor puro, perfeito. A procura arrisca-se a ser longa.

Casa II em Carneiro
Sucesso financeiro graças à sua energia e ao seu espírito empreendedor. Terá tendência para ser uma pessoa gastadora. Grande ambição.

Casa III em Touro
É o tipo de pessoa que adora estar em casa. Poucas viagens, não toma iniciativas bruscas e irreflectidas. Tudo é calculado: devagar e com prudência, tal é o seu lema.

Casa IV em Gémeos
É-lhe impossível ficar muito tempo no mesmo sítio. Mudanças frequentes de domicílio. Se a sua profissão fôr monótona, mudará rapidamente para outra coisa.
A profissão ideal seria aquela que ofereceria muita mudança, movimento e, ocasionalmente, novos encontros. A sua vida sentimental será igualmente muito movimentada.

Casa V em Caranguejo
Apaixonar-se-á muitas vezes até ao dia em que encontrará a sua alma gémea. Aí, acabam-se os namoricos e só tem uma ideia na cabeça: fundar uma família, se possível numerosa.

Casa VI em Leão
Espírito mandão e autoritário no trabalho.
Pontos sensíveis: o coração e as artérias.

Casa VII em Virgem
Um casamento mais de conveniência do que de amor. Será no etanto uma união que durará, embora com alguns problemas. A pessoa com quem se casar será honesta, trabalhadora, inteligente e esperta.

Casa VIII em Balança
Velhice feliz. Morte Natural.

Casa IX em Escorpião
Gosta de longas viagens, sobretudo marítimas. Possibilidade de participar em regatas. Gosta de desportos arriscados.

Casa X em Sagitário
Sentir-se-á atraída por uma profissão que lhe permita viajar, sobretudo ao estrangeiro e com alguns riscos, se possível. Terá uma profissão liberal.

Casa XI em Capricórnio
Amizades duradouras, com pessoas sensatas, sábias que já têm uma grande experiência da vida. Procura aprender com elas.

Casa XII em Aquário
Os amigos podem trazer-lhe bastantes aborrecimentos.

domingo, outubro 31

"Eu não gosto desse cigarro"

Um desejo negado de um beijo quase roubado que fez, entre a fumaça e a saliva, ela fugir mais uma vez. Ainda não estava pronta e talvez nem quisesse quebrar o encanto daquela inspiração. Tem coisas que são muito mais bonitas na nossa imaginação. Ela se deixava observar, gostava de ser idealizada. Isso gerava bons frutos. Não queria quebrar aquele fascínio. Mas era notável o mal que aquilo fazia ao rapaz que tanto a queria. Ele com os olhos a comia. Por vezes, ele tentava se aproximar com um toque. Mas ela sempre o repelia. Ela também duvidava se podia depositar nele alguma confiança. Seria paixão ardente movida pela carne ou um amor pueril?
O poeta nunca dizia em suas canções de amor e amigo, se era um amor declarado e entregue ou uma atração cega.
E sou eu a musa que foge e não quer deixar o brilho no olhar de uma paixão platônica pela idealização do outro. É desse jeito, fugido, que quebro as matrizes desse coração partido que agora, sozinho, procura por abrigo. E eu me pergunto: "Por que o vazio?!" É como uma dor na alma que vai e volta e me tira a calma. Talvez seja a falta de um sentimento verdadeiro. De alguém que venha preencher essa lacuna criada entre os anos.
E veja, não há como ser mais controversa. Essa moça numa hora rejeita uma paixão e, em outra, experimenta a solidão de nunca se atrair por quem lhe fez declaração. Ela deve gostar de sofrer, já que não se cansa de viver por um único pensamento de sempre buscar um ideal de sentimento.

domingo, outubro 10

Reencontro




Ela olhava para trás e sabia que tinha deixado algo no caminho. Ela tinha um sentimento adormecido, que foi calado por escolhas insensatas. Não sabia se arrependimento seria a palavra certa, pois essa escolha a trouxe experiências únicas, como ter uma filha. Mas uma certeza ela tinha, que foi cruel com os sentimentos de uma pessoa que hoje fazia falta. Ela nunca esqueceu que optou por um caminho de forma abrupta e insensível e em certos momentos ela imaginava como seria a sua vida, o que teria acontecido se ela tivesse permanecido naquela mesma direção.
Dizem que as melhores coisas sempre nos surgem quando estamos distraídos. E foi assim que aconteceu. Quando ela já tinha desistido de preencher aquela lacuna, ele apareceu e disse “Oi”. Ali mesmo, no lugar mais improvável, ele surgiu. O nervosismo dela e a palpitação no coração foram inevitáveis. Será que ele tinha percebido? O problema agora é que ela não sabia mais nada sobre ele. O tempo passou tão rápido, muitas coisas aconteceram e o que ligava os dois agora já não significava muito. “Ah Quanto tempo?” Foram seis anos. Mais pareceu uma eternidade. E agora ela se pergunta se essa nova aparição tem algum propósito na sua vida. Será que o destino veio cobrar a parte daquele rapaz na sua vida? Isso era tudo o que ela mais queria.
Um rapaz tão doce, carinhoso e sensível. Era assim que ela o via. Mas o jeito ríspido dela o assustava e o deixava inseguro. Foi essa insegurança que o impediu de tomar partido de suas reais intenções. E como a vida muitas vezes nos prega peças, um outro rapaz se apresentou e o cupido fez questão de lançar sua flecha e atingir em cheio o coração dela. Foi justamente esse o momento da escolha que guiou todo o trajeto da vida dela. E os anos foram passando, a moça se via totalmente apaixonada por seu novo amor. O relacionamento dos dois era difícil, envolvia muito ciúmes da parte dela. E o namorado queria ter toda liberdade do mundo, então os dois se separaram. Mas pouco tempo depois o sentimento dela fez os dois se reaproximarem. O resultado da nova união foi uma gravidez inesperada, que determinou definitivamente um espaço entre o passado e o futuro da vida dela. Os dois viveram juntos por alguns anos, mas a incompatibilidade de temperamentos os separou de vez. Agora a criança já tinha quase 1 ano e sua mãe se via quase livre outra vez.
Depois disso tudo o que maltrata o coração dela é lembrar daquela mudança repentina. Ela poderia ter sido menos cruel, até mesmo com seu próprio coração. E até hoje ela não se conforma com essa atitude e sabe que isso causou um distanciamento entre ela e aquele rapaz que dificilmente seria estreitado.
Os dias foram passando, novas pessoas foram surgindo na vida de ambos e o passado foi sendo esquecido. Mas uma sensação que nunca saía da mente dela era que algo tinha ficado inacabado.
Hoje ela não tem certeza, mas acha que o reencontro tem algum significado. Os dois não param de se comunicar e esses laços vão estreitar, se depender da vontade dela. Pois a vida é um ciclo, tudo o que acontece tem seu tempo e se ficou mal resolvido, com certeza, retornará.

domingo, setembro 5

Augusto dos Anjos em poemas e película

O poeta paraibano Augusto dos Anjos, que era mestre em retratar a condição efêmera da vida, deixou como herança para a humanidade poemas belíssimos que fazem qualquer otimista cair no mais cru realismo. Por conhecer profundamente a anatomia humana e usar nos seus textos termos da medicina, ele tornava o que escrevia mais real, da centelha que clareia a existência ao triz que a separa da morte. A sua visão sombria não vem apenas com o motivo de chocar, mas com a intenção de convencer quem o ler, por meio de palavras "sujas", da ínfima e transitória condição de existir.

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


Em “Psicologia de um vencido” o uso de antagonismos reforça a ideia de que escuridão e claridade se completam e onde há vida há morte.

Transubstancial, curta metragem dirigido pelo cineasta paraibano Torquato Joel em 2003, mostra da forma mais fiel o mundo imagético do poeta conterrâneo. Efeitos de sobreposição de cenas, faíscas de luz, uso de silhuetas fazem parte da composição do filme. A fidelidade da película aos textos do poeta está até mesmo na inquietação causada pelo impacto da sua temática.



A reconstituição cinematográfica do universo idealizado nos poemas dá a impressão de que as obras trabalham em conjunto, uma como a perfeita ilustação da outra.

sábado, setembro 4

Isso sim é cinema verdade





Desde o surgimento do documentário em 1922, com o Nanook do Norte de Robert J. Faherty, criou-se uma discussão sobre a proposta de documentar os acontecimentos de uma forma real ou de uma forma atuada. Nesse filme é mostrado o cotidiano de uma família de Inuit, povo indígena que habita a região do Alaska. O documentário foi bastante criticado, pois tinha como intuito mostrar fatos reais, mas alguns takes foram encenados, como a cena da pescaria.
Algumas décadas depois, na França, surgiu um filme que reapresentou a proposta de mostrar a realidade, através de entrevistas casuais de moradores de Paris. Era "Crônica de um verão" de Jean Rouch e Edgar Morin. Os dois cineastas criaram a vertente de documentário Cinema direto, que captava imagem e som simultaneamente sem uma mixagem posterior. Com o advento da fabricação de câmeras menores, que sincronizavam o som direto e que eram de melhor manuseio, passou a existir uma maior mobilidade para o deslocamento e filmagens do cotidiano. Ao final, o próprio documentário de Rouch e Morin suscita o questionamento de se as pessoas entrevistadas estavam sendo sinceras ou se em algum momento exageraram em frente as câmeras.
Essa vertente foi bastante bem vinda pelos estudantes de cinema e comunicação. Inclusive, aqui na Paraíba houve um grupo que participou de um atelier de Cinema direto promovido pela Kodak e pelo próprio Jean Rouch. Alguns alunos de Comunicação Social da UFPB, munidos com as recém lançadas câmeras super-oito, viajaram para França para aprenderem as técnicas de documentação. Entre eles estavam João de Lima e Bertrand Lira, que hoje são cineastas e professores de Comunicação.
Grandes cineastas foram despontando para o cinema direto. Um deles foi o ex-jornalista do Globo Reporter, Eduardo Coutinho, que imprimia em suas reportagens toda a narrativa de documentário. Entre seus filmes estão "Cabra marcado pra morrer", "Peões" e "Edifício Master".
Em 2009, Coutinho dirigiu "Jogo de Cena" que é uma espécie de entrevista, na qual mulheres de idades variadas contam suas estórias. O ponto que difere esse dos outros documentários influenciados pelo cinema direto, também chamado de cinema verdade, é a provocação da mistura de documentário com ficção. A participação de atrizes famosas (Marilha Pêra, Fernanda Torres e Andréa Beltrão), também contando estórias, gera a inquietação de se saber se o que estava sendo falado era verídico ou atuação. Ao passo que duas mulheres, sendo uma atriz e outra não, passam a relatar o mesmo fato a ideia do que é real vai se formando. No final de cada entrevista com as atrizes, Coutinho tem uma conversa indagando a sensação de interpretar um papel real frente a frente com o diretor do filme. Nesse ponto, a característica de documentário sem ficção volta. Aí está a genialidade de "Jogo de Cena", retomar o questionamento, na sua própria narrativa, sobre a veracidade do que se narra.

terça-feira, agosto 31

A importância da água

O filósofo Tales considerava a água como sendo a substância fundamental para toda a vida no universo. Para ele a água era responsável pela circulação do mundo, pela sua movimentação. Pode-se tomar essa hipótese para analisar a água como um fator de ligação entre povos, estabelecendo entre eles a comunicação. Era através da água que se realizavam as grandes navegações, verdadeiros intercâmbios da idade média.
Porém, a uns tempos, a ideia da importância da água tornou-se abstrata. Com o avanço das tecnologias e da mídia, acompanhado pelo aumento do consumismo, a água passa a ser um mero detalhe funcional para a maioria das pessoas. A conscientização só veio depois que pesquisadores alertaram a população mundial para a eminência da futura escassez de água potável, caso os hábitos de desperdício continuassem. Foi quando a publicidade veio com o intuito de preservar esse recurso natural limitado. Na primeira imagem é mostrada uma campanha para a conscientização e preservação da água. Nela a figura de uma criança mergulhando tranqüila dá a sensação de paz e segurança transmitida pela água.



Apesar de sua fundamental importância para o ser humano, há meios criados pelo próprio homem onde a presença da água pode parecer obsoleta. O ciberespaço é um ambiente que não precisa da presença do homem para funcionar. Trata-se do meio de comunicação entre as máquinas. Sendo a água uma substância fundamental apenas para organismos vivos, ela não se encaixaria no âmbito das máquinas. Porém, há um detalhe de extrema importância para o funcionamento no ciberespaço. É a energia elétrica que é gerada, em sua grande maioria, pela força da água nas hidrelétricas. Esse passa a ser o ponto mais concreto que liga a água ao ciberespaço. Mas há, ainda, uma analogia que une os conceitos de Tales sobre a movimentação de informações promovida pela água à comunicação via redes entre os computadores. Metaforicamente, a internet cumpre o mesmo papel no ciberespaço que a água cumpria nas antigas navegações, sendo o canal por onde se transmitiam as informações. Na representação do ciberespaço, na segunda imagem, percebe-se a ligação da energia elétrica vinda da força da água servindo como fonte de alimentação para o funcionamento das máquinas que estão interligadas pela rede.



De fato, a água é a substância de maior importância para a vida dos organismos. É notório que à medida que alguém vai envelhecendo, vai perdendo água gradativamente. Isso indica a vital necessidade de hidratação dos seres vivos. No entanto, com os hábitos dispendiosos da comunidade mundial a durabilidade das fontes de água potável está sendo prejudicada.




Em contrapartida, a água também tem seu lado destruidor. Desastres ecológicos como tsunamis são causados por fatores como deslocamentos de placas tectônicas que geram terremotos e maremotos. Acontecimentos desse tipo são explorados pela mídia como grande catástrofes da força da natureza. A água antes vista como fundamental para a vida agora é apresentada como desastre natural. Ela aparece como um fator de vida ou morte. Sua ausência causa a morte, assim como sua presença excessiva também mata. A terceira imagem ilustra bem esse paradoxo com a expressão de desespero da garota que tenta se proteger da água segurando-se na copa de um coqueiro. Em dissonância com a primeira imagem, onde a água expressa segurança, nesta ela indica risco de morte. Comprovando que nem mesmo algo de tamanha importância para a vida pode ser apresentado em excesso.

Stephany Eloy Araújo, 31/08/2010


>>> Trabalho de Filosofia

sábado, agosto 28

Acabei de compor uma música de ninar pra minha filha. Depois de todo o choro, ela se acalmou.

Eu vou cantar uma canção para Sofia
Uma canção que vai fazer raiar o dia
Que vai falar de todo meu coração
Quem sabe assim com essa bela canção
Vou espantar toda essa dor
E vou falar pro meu amor
Que vai nascer uma linda flor
No coração de quem cantar
Essa canção


Stephany Eloy

sexta-feira, agosto 27

Premonição Feelings

Não foi comentado aqui, mas eu me inscrevi em um concurso do SESC na categoria fotografia. É a II Bienal de pequenos formatos do SESC/PB. Isso foi a duas semanas e eu estava muito ansiosa pra ver se fui selecionada ou não.
Hoje aconteceu uma coisa bastante interessante. É que ontem eu teria aula de Leitura e Análise crítica de Textos no DEMID, com o professor Marcos Nicolau, que por alguma razão não compareceu mas mandou o seu filho prodígio para substituí-lo. O rapaz é Vitor Nicolau e é, realmente, um exemplo para quem quer trabalhar na área da Comunicação e Publicidade por todas as razões que ele mesmo explanou ontem em sala. Entre elas, ter se formado em duas faculdades ao mesmo tempo, junto com um estágio e uma bolsa de estudos, aos 21 anos e já ter feito mestrado e ser professor de faculdade aos 23 anos. O fato é que ele falou uma coisa que me fez refletir e tomar uma atitude em algo q eu já havia pensado desde a criação desse blog. É escrever periodicamente como um exercício prático do que eu quero fazer futuramente. Outra coisa que ele falou foi sobre pesquisar no Google o próprio nome para ver quais resultados apareceriam. Hoje em dia com tantas redes sociais é quase impossível alguém que use a internet diariamente não ter ao menos uma citação na rede.
Então hoje eu acordei pensando esse ultima ideia e fui ver o que aparecia na pesquisa do meu nome. Foi quando, no último link, depois de todos os perfis de facebook a twitter eu vi "Artistas selecionados para o concurso Pequenos formatos do SESC/PB". Eu fui selecionada com dois trabalhos e vou aguardar pelo resultado no dia da abertura da exposição. Esse já foi um grande passo. Agora é só contar com a sorte e fazer figuinha.
O curioso é que hoje à noite eu sonhei que meu colega da universidade, Giuliano Golzio que é filho do meu antigo professor de fotografia, me falava que eu tinha ficado classificada no concurso em segundo lugar. Ele não tem muita relação com o concurso, mas sonho é assim mesmo, tudo misturado. Eu vi isso como um tipo de premonição, pois logo que acordei e olhei no Google fiquei sabendo da seleção. E essa notícia me deu um estímulo a mais para continuar produzindo e acreditando no meu trabalho. Agora vou torcer para ficar classificada. O resultado sai dia 26 de setembro.

terça-feira, agosto 3

Parte I

Eu posso dizer que esse é o exato momento em que eu decido escrever um livro. A idéia já vinha na mente a alguns anos, mas nunca foi posta em prática. A impressão de incapacidade e de superficialidade não me deixava levar essa vontade a diante. Mas chega uma hora em que o grito precisa sair da garganta depois de ser evitado por tantos suspiros. É nesse instante que não se pode mais calar a alma que a palavra sincera se desloca boca a fora depois de muitos consentimentos.

Sempre fui vítima das ocasiões, deixava a correnteza do rio me levar e poucas vezes tentei relutar contra ela. Havia algo que me impedia de agir, alguma força oculta que eu nunca descobri do que se tratava. O fato é que eu não compactuava com a mera necessidade instintiva de perpetuação da espécie que observava no comportamento da maioria das pessoas que eu conhecia. Em especial uma pessoa, o homem com quem eu estava me envolvendo. Mas felizmente, ao decorrer da minha vida eu aprendi a desconfiar da veracidade dos principais pilares que erguem e estruturam a sociedade em que o ser humano se habituou a fazer parte. Um desses pilares chama-se amor. Observei por experiência própria e por estudos que esse sentimento forjado, que proporciona bem-estar momentâneo às pessoas tornou-as escravas de suas próprias ações e expectativas. Essa é uma das engrenagens do sistema econômico, movido pelo superfaturamento e pelo lucro, chamado capitalismo. As pessoas não são vistas como indivíduos, mas como um aglomerado que quer ter seus anseios, tais como o amor, satisfeitos. É aí que ele entra como finalidade para uma vida feliz e a partir desse ponto são criados produtos que deverão envolver um determinado público visando suprir a carência desenvolvida pela ideia de amor.

O fato é que eu estava me relacionando com um rapaz, que logo no nosso primeiro encontro havia falado em casamento. Eu não concordei, mas fingi aceitar para não quebrar o clima. Mesmo assim sempre o alertava para a necessidade de planejamento que tal decisão requeria. Com o passar dos dias a disparidade de temperamento e concepções foi afastando-nos. O que antes fora uma paixão movida por atração física, agora já não significava mais nada pra mim. Foi então que eu coloquei um ponto final na situação e terminei o namoro. Por sabedoria, eu resisti aos desejos da libido e não entreguei o que eu sempre suspeitei que fosse o que ele mais almejava. Raridade nos tempos de hoje, nós ficamos juntos por 2 meses apenas com beijos e abraços.
Acontece que, para o azar dele, eu já havia despertado para o mundo a alguns anos quando tive a ilusão que mais se aproximou do tão idealizado amor. E foi justamente nessa primeira ocasião que eu passei a enxergar o quão falso era aquele protótipo de sentimento movido a interesses meramente físicos.

sábado, julho 24

Fula da vida

Tem certas coisas que me deixam fula da vida. Principalmente quando eu passo um bom tempo concentrada em fazer algo e do meio pro fim aquilo não sai como eu esperava. Aí está o problema, eu sempre gero expectativas altas para tudo o que vou fazer. Sempre espero que tudo saia exatamente como eu quero. Mas nada na vida é como nós queremos, não é mesmo? Falar agora é fácil.
Você pode chamar isso de coisa de filhinha de papai mimada, ou o que quiser mas é assim que eu me sinto. Esse fato ocorre não só com as coisas que faço mas com as pessoas que eu conheço. Às vezes, chega a ser neurótica a forma como eu quero tudo perfeitamente como o planejado, quando o que me falta muito é organização. Então cobro algo que nem eu mesma tenho. É aquela coisa de enxergar o mundo de uma forma diferente da realidade. Eu odeio tanto ser criticada que acabo não procurando mudar e me torno cada vez mais alvo das críticas. Tensão é meu nome. Meus músculos ao redor dos ombros estão tão duros que eu precisaria de um martelo pra desfazer esses nós. Preciso urgentemente de algo que constraste com minha realidade atual. Acho que vou fugir para uma sociedade hippie em algum lugar de Goias. Preciso esquecer desse mundo superficial que só me estressa e me cobra coisas que não posso dar. Já estou individada até a alma. E minha energia está indo por ralo abaixo. Feng Shui me ajudaria? A avó da minha filha diria "Com certeza sim!". Não é difícil de perceber que o ambiente onde eu vivo influencia muito no meu estilo de vida, ainda mas eu sendo de um signo de terra. Essa coisa toda acaba dizendo muito do que somos e o que vamos fazer. Já passei muito tempo achando que tudo isso não passava de baboseira. Mas agora, juntando as peças, eu vejo que faz sentido. Afinal, nunca saberemos desvendar nem 0,0001% dos mistérios desse universo.

quarta-feira, julho 21

Uma breve reflexão

Tenho me sentido um pouco angustiada, não sei o porquê. Talvez por uma série de fatores. Tenho tido uma certa preguiça de existir, de correr atrás. E tenho dormido muito pela manhã. Eu dormi no ponto. Deixei o tempo passar. Mas continuo aqui com esse mesmo espírito. Agora eu me pergunto: por que não ir à praia e tomar um banho de mar? Se for urucubaca, o sal e a água espantam tudo de uma vez. A monotonia e a falta de movimento me causam isso. Como eu já sou assim, parada, não posso ter alguém me cobrando reações, o que pra mim já é muito difícil. Eu sou o tipo de pessoa que de repente se cala ao ouvir algo que discorda. Não posso suportar certas cobranças, porque eu já me cobro demais.
Eu estava aqui, pensando em algo para fazer e com essas inquietações na mente. Então resolvi seguir o conselho de uma amiga recente, mas que “quem vê pensa que se conhecem a anos”. Entre aspas por que essas foram as palavras, num tom talvez ciumento, do meu namorado depois de me ver cumprimentando-a num encontro casual. É inevitável a vontade de abraçar pessoas que pensam da mesma forma que eu e que tem a alma similar a minha. E tal amiga uma vez me falou: “Nunca deixe de escrever!”. E eu nessa agonia de pensamentos, procurando me achar, relembrei que essa é a única maneira que eu tenho de desabafar.
Vejo os dias passando e poucas coisas acontecendo comigo. Acho que cansei desse marasmo, dessa falta do que fazer e dessa mesmice. Tenho certeza que a ansiedade por algo novo, que se expressa na vontade de voltar logo a estudar, agrava esse meu sentimento. Pra piorar meu mal estar psíquico, tive um torcicolo a dois dias. Nesse caso, a limitação física também compromete a limitação mental. Ainda mais quando a lesão é próxima a cabeça. Tenho impressão que não consigo raciocinar perfeitamente, não movimentando- me livremente. É tudo uma tensão, uma pressão, uma cobrança que culmina na explosão de nós musculares que ser humano nenhum agüentaria sem uma sessão de uma hora de ioga por dia. O problema é que me falta essa sessão terapêutica. Mas o que não me falta é sono mal dormido de madrugada, uma criança mal criada que me acorda no mínimo 2 vezes no meio da noite aos berros, uma péssima posição para dormir dividindo uma cama de solteiro com essa minha adorável filha e um travesseiro alto.
Todo o problema físico passa a ter uma ligação quase metafórica ao que vem a acontecer no psicológico. Esse estilo de vida errado, sem uma prática saudável, tanto física quanto mental, tem que acabar para o meu pleno bem estar. E é com essa conclusão que eu findo mais uma reflexão com a certeza da eficácia desse método de auto-conhecimento que se chama escrever. E agradeço a minha nova amiga, Elis, que me abriu os olhos e me relembrou essa tão eficaz terapia.

terça-feira, julho 13

Efêmero

Sentimento de brevidade, de fragilidade. Passo o dia com a sensação de que o tempo é curto. Olho o relógio. Os segundos seguem tenentes. Se não entendes o que eu digo, por que eu vou te dizer? A simplicidade da ignorância e do comodismo tirou o teu brilho que antes era só fachada. Mas quem sou eu para dizer isso se por trás dessa casca palpitam mil inquietações? Passei a ser esquizofrênica por desmerecimento. Foi falta de reconhecimento, indiferença e menosprezo. Afinal, só ganha a vida quem serve o público. Quem quebra a cara e mata um leão por dia em busca do seu lugar ao Sol não é gente descente. Assim falou o blá-blá-blá progenitor, que se eu não escutasse diariamente não estaria aqui com esta caneta e papel a punhos. Acontece que surtiu efeito contrário, me motivou as avessas. Logo eu que sempre gostei de não me fazer esclarecedora, jogando deveras nas entrelinhas subconscientes. Sobretudo em uma noite sem sono. Sei que essa escrita não é minha e nem de pessoa alguma. Mas vale registrar a perturbação ansiosa do marasmo contínuo. Talvez saudades, talvez falta de afeto, ou até mesmo carência. Agora sinto inveja dos olhares libidinosos daquela gente sem estudo. Eles não se perdem no horizonte e não questionam sua própria existência. Não são fadados a saberem que tudo é tão frágil como as asas de uma borboleta.

Stephany E. Araújo 13/07/2010 (1:00 AM)

segunda-feira, março 15

Lomo espera

De fato, hoje eu acordei num dia levemente nublado. Fui ao terraço da minha casa e o vento produzia um frescor gostoso. O sol já estava no céu, mas encondido atrás de finas nuvens. Eles formavam uma imagem de um dourado fabuloso. Eu imaginei como deveria estar aquela cena vista da praia. Pensei em dar um pulinho por lá com Sofia, mas as obrigações do dia-a-dia me fizeram desistir do passeio. Claro que também pensei logo em fazer algumas fotos (meus vícios sempre me sobem à cabeça nessas horas). Mas deixei esses planos pra outro dia. Talvez porque eu não esteja tendo muita sorte com fotografia nos últimos tempos.
Acontece que eu comprei uma câmera lomo, a qual esperei ansiosamente chegar da China por um mês e meio. Essa maquina é uma Holga 120 cfn e ela, normalmente, só trabalha com filmes em 120mm. Mas, com alguns truques, é possível fazer uma adaptação para 135mm. Foi o que eu fiz com dois rolos. Num deles eu usei a técnica de redscale, que consiste em colocar o filme invertido (de cabeça pra baixo, ou seja, com o lado que normalmente é exposto a luz virado para frente) na camera. Assim que terminei de fazer as fotos, fui correndo deixar os negativos no único laboratório da cidade que revela e scaneia fotos em 120mm. Mas, por ironia do destino, a máquina de scanear da loja havia queimado devido as baixas de energia que estavam acontecendo com frequência. A moça me disse que estava esperando um técnico chegar de Natal e ele avaliaria o problema da scanner.
Eu ligava praticamente todos os dias pra loja pra saber se aquela bendita máquina já estava pronta, mas fiquei sabendo que era preciso mudar uma peça e esta ainda estava a caminho, vindo de São Paulo. Pra completar a situação, faz três dias que eu tento ligar pra esse laboratório e ninguém atende, mas a moça da outra filial me informou que a scanner ainda não foi consertada. Eu fico me perguntando "Será que essa peste nunca vai ter conserto e eu nunca vou conseguir digitalizar minhas fotos?". Haja paciência!
Ainda bem que eu já estou trabalhando e vou ter um passa-tempo pra parar de pensar um pouco nisso. Mas amanhã volto a ligar!

domingo, março 14

Águas de março

Onde estão as águas de março, São Pedro? Parece que o senhor resolveu castigar minha terra Paraíba com esse calor escaldante. O Sol queima minha pele às 6 horas da manhã na ida ao trabalho. À tarde é pior, parece que estou fazendo um estágio para ir pro inferno. Com tanta exposição, os sinais aumentam cada vez mais no meu corpo e a melanina grita em vermelhidão. Haja filtro solar!
João Pessoa é a cidade onde o Sol nasce primeiro e, pelo visto, o câncer de pele também. Eu já tenho a carga genética desse mal e parece que a natureza não quer mudar o rumo da prosa.
Quando as nuvens deixarem a timidez de lado e as águas finalmente chegarem pra nos dar um alívio, embora não dilúvio, espero que durem para além maio. Vou passar meu aniversário tomando banho de chuva. Eu quero ver essas águas inaugurarem as recém-calçadas ruas do meu tão querido bairro Bessa. Quero ver a lama limpa, antes barrenta, escorrer pelas bocas de lobo e formar possinhas na minha calçada. E os arco-íris? Quero ver vários a colorir nosso céu.
Só peço que não mandem muitos raios e trovões. Eles me dão aflição. Por vezes, tenho a sensação de que o céu vai desabar. E nunca descarto a possibilidade de um raio cair justo na minha casa. Mas é assim mesmo, todas as coisas boas tem os seus revezes. A moeda carrega em si a cara e a coroa, que são opostas, mas se complementam.
E hoje vou dormir esperando acordar num dia, ao menos, nublado.

segunda-feira, março 8

lomo regret

Um traço na mão, um brilho no olhar. Uma luz na cidade baixa, uma estrela na escuridão.
Uma voz aveludada, um sorriso disfarçado. Um abraço caloroso e duas mãos se despedem ao longe. O tempo não passa e a distância aumenta. As memórias se apagam e a noite continua, embalada pela solidão.
O filme foi revelado. O negativo ficou muito claro, onde antes era escuro. A imagem não vem à mente, está difícil resgatar. Ficou certo que era só uma ilusão.
Faltou uma peça do quebra-cabeças, que não se enquadra na digitalização. E escapa na foto lomográfica de uma recordação.

quarta-feira, fevereiro 24

Olhos dissimulados

Tu já tens um amor? E o que eu senti por ti, tudo o que eu sonhei para nós dois e todos meus planos pueris? Como ficam? Como posso caminhar pela praia, sentindo o mar nos meus pés e suspirar se já tens um amor? Como posso sair à noite a tua procura na esperança de um encontro casual se já amas outro alguém? Vou suportar viver assim, sabendo que minhas ilusões não serão correspondidas? Porque tu não me olhas nos olhos e só acenas de longe? Teu amor estava ali?
Me entristece ver que o sentimento alheio já não tem mais importância. Eu sei que você percebeu que eu estava na sua. Mas porque fugiu? Esperava que eu dissesse com todas as palavras o que me tirava o sono pra, só então, dizer que já amava outra? Você ao menos poderia disfarçar. Acabou ficando feio te ver assim, fugido.
Mas, no final das contas, acho que acabo sendo eu a maior culpada. Por me apegar a pequenos detalhes, a carícias falsas, a sorrisos cínicos e a olhares maliciosos. O que posso fazer se me atraio pelos caras errados, que alimentam sentimentos, que ocultam suas verdades e depois somem se escondendo?
Será que minha imaginação sonhadora vai achar um jeito de pensar que você não queria ficar na minha presença estando com seu verdadeiro amor e assim, me fazendo sofrer? Se houver tal possibilidade já aviso que não vou cair nessa. Certas experiências são construtivas e nos ajudam a crescer. Agora já vejo as coisas de outro modo. Não me apegarei a casualidades sem futuro. Não sofrerei em não olhar mais em certos olhos dissimulados. E não me ocuparei mais em fantasiar situações ilusórias.

Um tranquilizante natural

Ontem eu dormi olhando um céu estrelado de fevereiro que guardei na minha memória. Quando passei pela rua, à noite, tive uma visão maravilhosa que não pude esquecer e a levei para meus sonhos. A lua produzia um brilho amarelo ao seu redor que clareava as nuvens e a constelação de Orion estava perfeitamente visível. Procurei por um touro feito de estrelas, mas tudo que pude ver foram dois peixes. Já era a época deles e estavam ali marcando presença. Essa atmosfera me inspirou um sono profundo de criança. Ao amanhecer, acordei cantando com Sofia ao meu lado. Não lembro a melodia que inventei na hora, mas foi algo espontâneo.
Sempre gostei de tirar um pouco os pés do chão, de sair da minha natureza terrena de taurina. Afinal, tenho preferência por meu ascendente pisciano. Com um pé na terra e outro no mar, por vezes me confundo em meio a minha dualidade astral. A leveza dos peixinhos sempre me encantou e eles sempre nadaram ao meu redor. Um dia quero incorporar esse tipo de personalidade pra mim.
O oceano onde nadam esses peixes espertos me atrai e, de uma forma inexplicável, lá eu me sinto em casa. Gosto de flutuar nas águas mansas do mar, deixar a correnteza me levar e sentir o peso energético do meu corpo escapar. Ao sair da água salgada, me sinto nova e mais limpa. Desde criança fui criada nesse ambiente e a praia é o lugar onde eu me encontro ou me escondo quando preciso. Não há nada mais tranqüilizante do que dormir numa rede ouvindo o som das ondas. Um dia eu tive isso e aproveitei com plenitude, mas hoje já não tenho. E como sinto falta! Sempre soube que nasci para estar ali no mar, na areia da praia, sob a lua cheia. Não existe lugar mais perfeito para aliviar minha alma.

terça-feira, fevereiro 16

Já faz tempo

Já faz tempo que eu me vejo assim. Olhar perdido, fixo no horizonte ou sempre buscando algo por onde caminho. Parece que algumas coisas caíram do meu caminhão de mudança na estrada. É como algo invisível, mas que abstratamente deixou um certo vazio. Não me falta parte nenhuma do corpo, tenho tudo que me é preciso. Mas penso que na minha mente existe um vão, que sempre me faz ficar absorta. Talvez em cada lugar em que eu tenha passado eu tenha deixado um pouco de mim. E em cada pessoa que eu conheci, ao me despedir esqueci, por querer, de pegar de volta algo que tinha emprestado. Assim quase não sobrou nada. E eu vivo tentando juntar os meus pedaços nas minhas recordações. Mas é inútil. Eles nunca voltarão a ser da mesma forma que eram antes.

Com o passar dos anos, fui percebendo que esse vazio que se estabelecia na minha mente afetiva poderia possivelmente ser preenchido novamente. Desta vez com novas sensações, novos contatos e novos conhecimentos. Fui aprendendo que a vida requer uma eterna reciclagem sentimental e que é impossível viver bem com um completo arrependimento e com o pesar da nostalgia. Só assim eu compreendi o porquê de certas dedicações tomarem um tanto da minha personalidade. Elas estavam me preparando para minhas futuras experiências.

Mesmo assim, sei que é impossível não lembrar com saudosismo de pessoas que eu deixei pra trás na minha infância, por exemplo. Ao pensar nelas eu imagino uma fotografia com tons sépia. Cada sorriso, cada abraço, cada lágrima, cada briga e cada perdão estão bem guardados na minha memória como se fossem fotocópias de lembranças. E hoje sei que não posso mais voltar atrás. Mas também carrego comigo a certeza de que, depois de muitas despedidas, esses hiatos hoje me tornam uma pessoa melhor e mais forte.

segunda-feira, fevereiro 8

A opinião do brasileiro

O número de noticiários sobre escândalos envolvendo a corrupção do poder público no Brasil é cada vez maior. O povo brasileiro está muito bem informado sobre desvios de verbas e mensalões. Em contraponto, observa-se a apatia dessa população tão lesada dos seus direitos. É raro vermos movimentos nas ruas em protesto a corrupção. Talvez isso esteja ligado a forma como a mídia lida com o repasse das informações. Habituou-se a seguir uma programação factual em que o espectador da notícia atua como mero observador, sem poder algum de modificar a realidade. O povo se sente acuado, reprimido, por um sistema desordenado, onde ninguém é punido, e simplesmente assiste aos fatos sem saber do imenso poder de protesto que tem.

Mesmo com o avanço da tecnologia e o crescimento da inclusão digital promovendo maior alcance da internet nas comunidades menos favorecidas economicamente, a televisão continua sendo o principal meio de comunicação no Brasil. E por isso ela tem grande poder como formadora de opinião. Mas o modo editorial como os telejornais informam a população brasileira faz com que esse meio torne-se apenas um passa-tempo voltado para o entretenimento. Observa-se que os principais jornais enfatizam temas como a corrupção, mas logo em seguida mudam o foco dos assuntos para coisas triviais, como futebol, ou para o cotidiano. Essa é uma forma de desviar a atenção de um tema tão importante para a população.

A grande esperança de transformação da mentalidade dos brasileiros está na forma que eles absorvem as notícias repassadas pela mídia. E o principal passo para o cidadão brasileiro ter consciência do poder de cobrar sues direitos está no entendimento da importância da sua voz como opinião pública e fator fundamental no futuro do Brasil.

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Essa foi minha redação do Enem. Nota: 850

domingo, janeiro 24

Eu vou estar lá

Eu quero achar um jeito
De te descobrir.
Eu viajo nas ondas do pensamento.
Você vai me sintonizar por lá?
Eu vou poder te achar num sonho
e conversar com você dormindo?
Falta você me responder,
porque já estou te chamando.
Fique atento, desperto!
É lá que a gente vai se ver.
Essa noite foi tudo em preto e branco.
Dizem que isso indica nostalgia.
Eu digo que é saudade.
Mas uma saudade diferente,
saudade do futuro.
Meus olhos vêem coisas
que talvez sejam inviáveis,
por um ou outro detalhe,
mas que são possivelmente reais.
Basta você dizer que sim.
É só fechar seus olhos
e abrir o canal dos sonhos.
Lá eu vou te falar
e não pense que não foi real.
Eu vou estar lá.

quinta-feira, janeiro 14

Ode aos irracionais

Aperto no peito
Sensações estranhas
A boca pede um grito
Há algo nas entranhas
Cheiro de morte
Previsão de dor
Falta de sorte
Visão do horror
Coração aberto
Perdido na esquina
O mal está perto
Mas isso fascina
O fim e o começo
Estão presentes na vida
Por isso eu esqueço
Do ponto de partida
No tudo e no nada
Em todo o universo
Está bem guardada
A chave do imerso
Oceano de espelhos partidos
Que refletem imagens
Nos olhos contidos
De seres selvagens
Que não sentem medo
E não pensam em parar
Não diferem tarde ou cedo
E não podem sonhar
Grande sorte desses animais
Que nasceram sem raciocinar
E não se perderam no cais
Da maldição de pensar.