Eu posso dizer que esse é o exato momento em que eu decido escrever um livro. A idéia já vinha na mente a alguns anos, mas nunca foi posta em prática. A impressão de incapacidade e de superficialidade não me deixava levar essa vontade a diante. Mas chega uma hora em que o grito precisa sair da garganta depois de ser evitado por tantos suspiros. É nesse instante que não se pode mais calar a alma que a palavra sincera se desloca boca a fora depois de muitos consentimentos.
Sempre fui vítima das ocasiões, deixava a correnteza do rio me levar e poucas vezes tentei relutar contra ela. Havia algo que me impedia de agir, alguma força oculta que eu nunca descobri do que se tratava. O fato é que eu não compactuava com a mera necessidade instintiva de perpetuação da espécie que observava no comportamento da maioria das pessoas que eu conhecia. Em especial uma pessoa, o homem com quem eu estava me envolvendo. Mas felizmente, ao decorrer da minha vida eu aprendi a desconfiar da veracidade dos principais pilares que erguem e estruturam a sociedade em que o ser humano se habituou a fazer parte. Um desses pilares chama-se amor. Observei por experiência própria e por estudos que esse sentimento forjado, que proporciona bem-estar momentâneo às pessoas tornou-as escravas de suas próprias ações e expectativas. Essa é uma das engrenagens do sistema econômico, movido pelo superfaturamento e pelo lucro, chamado capitalismo. As pessoas não são vistas como indivíduos, mas como um aglomerado que quer ter seus anseios, tais como o amor, satisfeitos. É aí que ele entra como finalidade para uma vida feliz e a partir desse ponto são criados produtos que deverão envolver um determinado público visando suprir a carência desenvolvida pela ideia de amor.
O fato é que eu estava me relacionando com um rapaz, que logo no nosso primeiro encontro havia falado em casamento. Eu não concordei, mas fingi aceitar para não quebrar o clima. Mesmo assim sempre o alertava para a necessidade de planejamento que tal decisão requeria. Com o passar dos dias a disparidade de temperamento e concepções foi afastando-nos. O que antes fora uma paixão movida por atração física, agora já não significava mais nada pra mim. Foi então que eu coloquei um ponto final na situação e terminei o namoro. Por sabedoria, eu resisti aos desejos da libido e não entreguei o que eu sempre suspeitei que fosse o que ele mais almejava. Raridade nos tempos de hoje, nós ficamos juntos por 2 meses apenas com beijos e abraços.
Acontece que, para o azar dele, eu já havia despertado para o mundo a alguns anos quando tive a ilusão que mais se aproximou do tão idealizado amor. E foi justamente nessa primeira ocasião que eu passei a enxergar o quão falso era aquele protótipo de sentimento movido a interesses meramente físicos.
3 comentários:
Você deveria escrever um livro mesmo =} Li outros posts seus, gostei. Queria poder escrever assim =~ Mas eu só tenho a habilidade de guardar as coisas pra mim. Se eu escrevesse provavelmente seria 3kg mais magra hahaha
=*
essas coisas acontecem. mas não olhe pra trás. e continue acreditando no amor, que ele vem baseado na pessoa e na circunstância e enche a vida de certeza e de verdade (bem sabe vc com sua filha). força! beijos
Stephany, tu se expressa muito bem, não é à toa que fazia jornalismo! Achei interessante o paralelo que tu traçou entre amor e capitalismo. Li os outros posts recentes também... é bem verdade aquilo que o filho do professor Marcos Nicolau disse sobre praticar, escreva bastante e boa sorte com o livro! :}
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