domingo, outubro 31

"Eu não gosto desse cigarro"

Um desejo negado de um beijo quase roubado que fez, entre a fumaça e a saliva, ela fugir mais uma vez. Ainda não estava pronta e talvez nem quisesse quebrar o encanto daquela inspiração. Tem coisas que são muito mais bonitas na nossa imaginação. Ela se deixava observar, gostava de ser idealizada. Isso gerava bons frutos. Não queria quebrar aquele fascínio. Mas era notável o mal que aquilo fazia ao rapaz que tanto a queria. Ele com os olhos a comia. Por vezes, ele tentava se aproximar com um toque. Mas ela sempre o repelia. Ela também duvidava se podia depositar nele alguma confiança. Seria paixão ardente movida pela carne ou um amor pueril?
O poeta nunca dizia em suas canções de amor e amigo, se era um amor declarado e entregue ou uma atração cega.
E sou eu a musa que foge e não quer deixar o brilho no olhar de uma paixão platônica pela idealização do outro. É desse jeito, fugido, que quebro as matrizes desse coração partido que agora, sozinho, procura por abrigo. E eu me pergunto: "Por que o vazio?!" É como uma dor na alma que vai e volta e me tira a calma. Talvez seja a falta de um sentimento verdadeiro. De alguém que venha preencher essa lacuna criada entre os anos.
E veja, não há como ser mais controversa. Essa moça numa hora rejeita uma paixão e, em outra, experimenta a solidão de nunca se atrair por quem lhe fez declaração. Ela deve gostar de sofrer, já que não se cansa de viver por um único pensamento de sempre buscar um ideal de sentimento.

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