domingo, novembro 7

Um coração

Eu sou um coração partido que não quer mais tentar. Eu tenho um coração jogado na sarjeta e que é sujo, não só porque sentiu a ilusão de amar. Mas não quer sofrer, não quer acreditar, nem se entregar. Esse coração muitas vezes chora com a solidão, mas não quer se desfazer do dom de ver o que é real. Ele se vê num domingo a noite sem vontade de viver. Não há esperança, não há futuro. Tudo o que há é isto que resta. E tem sido assim a anos. Não há dedicação, não há construção. Tudo passa apenas como um dia após o outro. Ele não procura achar culpados para essa realidade. Pois sabe bem quem tem a culpa. Foi ele mesmo quem se recusou a pensar. Não quis ser prático, deixou a emoção falar mais alto. Agora chora calado e não quer saber de novidade. Essa dor que sente já lhe basta. É triste pensar que vai ser sempre assim. Mas nada nessa vida é tão certo. Um dia, quem sabe, esse coração se desamarra. E abre os olhos outra vez, dá um novo mergulho rasante para perceber, tarde de mais, que nessa fonte não há mais água e que o amor secou.

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