domingo, março 14

Águas de março

Onde estão as águas de março, São Pedro? Parece que o senhor resolveu castigar minha terra Paraíba com esse calor escaldante. O Sol queima minha pele às 6 horas da manhã na ida ao trabalho. À tarde é pior, parece que estou fazendo um estágio para ir pro inferno. Com tanta exposição, os sinais aumentam cada vez mais no meu corpo e a melanina grita em vermelhidão. Haja filtro solar!
João Pessoa é a cidade onde o Sol nasce primeiro e, pelo visto, o câncer de pele também. Eu já tenho a carga genética desse mal e parece que a natureza não quer mudar o rumo da prosa.
Quando as nuvens deixarem a timidez de lado e as águas finalmente chegarem pra nos dar um alívio, embora não dilúvio, espero que durem para além maio. Vou passar meu aniversário tomando banho de chuva. Eu quero ver essas águas inaugurarem as recém-calçadas ruas do meu tão querido bairro Bessa. Quero ver a lama limpa, antes barrenta, escorrer pelas bocas de lobo e formar possinhas na minha calçada. E os arco-íris? Quero ver vários a colorir nosso céu.
Só peço que não mandem muitos raios e trovões. Eles me dão aflição. Por vezes, tenho a sensação de que o céu vai desabar. E nunca descarto a possibilidade de um raio cair justo na minha casa. Mas é assim mesmo, todas as coisas boas tem os seus revezes. A moeda carrega em si a cara e a coroa, que são opostas, mas se complementam.
E hoje vou dormir esperando acordar num dia, ao menos, nublado.

Um comentário:

Ely disse...

Exageros.
Adorei.

me fez lembrar: "Se a felicidade existe, eu só sou feliz quando me corto."

Há uma tristeza imbutida em tudo isso.
Ao menos assim vi.

Muito bom.