Já faz tempo que eu me vejo assim. Olhar perdido, fixo no horizonte ou sempre buscando algo por onde caminho. Parece que algumas coisas caíram do meu caminhão de mudança na estrada. É como algo invisível, mas que abstratamente deixou um certo vazio. Não me falta parte nenhuma do corpo, tenho tudo que me é preciso. Mas penso que na minha mente existe um vão, que sempre me faz ficar absorta. Talvez em cada lugar em que eu tenha passado eu tenha deixado um pouco de mim. E em cada pessoa que eu conheci, ao me despedir esqueci, por querer, de pegar de volta algo que tinha emprestado. Assim quase não sobrou nada. E eu vivo tentando juntar os meus pedaços nas minhas recordações. Mas é inútil. Eles nunca voltarão a ser da mesma forma que eram antes.
Com o passar dos anos, fui percebendo que esse vazio que se estabelecia na minha mente afetiva poderia possivelmente ser preenchido novamente. Desta vez com novas sensações, novos contatos e novos conhecimentos. Fui aprendendo que a vida requer uma eterna reciclagem sentimental e que é impossível viver bem com um completo arrependimento e com o pesar da nostalgia. Só assim eu compreendi o porquê de certas dedicações tomarem um tanto da minha personalidade. Elas estavam me preparando para minhas futuras experiências.
Mesmo assim, sei que é impossível não lembrar com saudosismo de pessoas que eu deixei pra trás na minha infância, por exemplo. Ao pensar nelas eu imagino uma fotografia com tons sépia. Cada sorriso, cada abraço, cada lágrima, cada briga e cada perdão estão bem guardados na minha memória como se fossem fotocópias de lembranças. E hoje sei que não posso mais voltar atrás. Mas também carrego comigo a certeza de que, depois de muitas despedidas, esses hiatos hoje me tornam uma pessoa melhor e mais forte.
2 comentários:
Que lindo Stephany!! Vou acompanhar teu blog! Já viu o meu?
beijinhos!!
Só fica difícil saber quem é você. rs
acho que colocou Anônimo sem querer =)
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